O município de Manga está localizado no Norte de Minas Gerais, à margem esquerda do Rio São Francisco, de onde se avista uma das mais belas paisagens mineiras do Velho Chico.

Situa-se na região aonde chegaram bandeiras de Antônio Figueiras, Januário Carneiro e Matias Cardoso no XVII, que foram responsáveis pela exploração neste período.

Na ocupação da área, os bandeirantes enfrentaram os índios, habitantes originais do local, pertencentes às Tribos Coroados, Vermelhos, Xakriabás, Gamelas, Rodelas, Tapuias e outras etnias.

Foram inúmeros confrontos e - somente após muitas lutas, emboscadas e mortes - a maior parte desses índios deixaram suas terras, partindo em direção a Goiás. Alguns foram feitos escravos pelos bandeirantes. Segundo registros, aproximadamente 700 deles permaneceram em posse do bandeirante Antônio Figueiras, que passou a comandar a expedição. Com o passar do tempo, entretanto, a preferência pela mão-de-obra africana vai deixando no esquecimento o indígena.

Com a expulsão dos índios e o desbravamento das bandeiras, os bandeirantes fundaram as primeiras arraias, iniciando o domínio da região, onde o ouro e as pedras preciosas abundavam. O arraial onde Antônio Figueiras instalou-se ganhou o nome de São Caetano do Japoré e, em uma de suas imediações, instalou o primeiro engenho de rapadura em 1694, numa área própria ao cultivo da cana-de-açúcar.

Antes da fundação da Capitania de Minas Gerais, a região desse arraial, assim como toda a margem esquerda do Rio São Francisco, até o Bispado de Diamantina, pertencia ao território de Pernambuco; e, a margem à direita na porção norte, fazia parte da Bahia. Com a criação da capitania de Minas Gerais, o arraial passou a ser distrito de Januária, emancipando-se politicamente em 1891.

No arraial de São Caetano do Japoré, havia um porto fluvial às margens do Rio São Francisco. Em seus arredores tinham muitas pastagens, onde ficavam os gados da raça Vacum, criados pelos exploradores e habitantes. Por causa desses pastos, o local ficou conhecido como Mangas. Esse foi o principal motivo para dar nome à cidade.

O lugarejo de Manga, em virtude dos grandes pastos existentes, teve rápido desenvolvimento, como um entreposto comercial que servia as localidades vizinhas. Ganhou maior destaque ainda com a construção do primeiro templo católico da região. Era uma igrejinha branca, construída por jesuítas no final do século XVIII e início do XIX. Teve como padroeiro Santo Antonio, por isso a igreja ficou conhecida como Igreja de Santo Antônio de Manga. Ela serviu também como marco para a primeira ocupação do povoado de Mangas. Porém, há controvérsia em relação à data precisa e nome do responsável pela sua fundação. Mas, em alguns relatos, dá esses créditos a um padre jesuíta, conhecido como Bueno.

O cachorro era o animal que mais acompanhavam os bandeirantes em suas façanhas mato à dentro. À medida que embarcavam rumo a outros destinos, os desbravadores os deixavam com os habitantes locais. Por causa da grande quantidade de cães, o local passou a ser chamado também Manga dos Cachorros. E, aproximadamente um quilômetro dali, existia o curral de Amador Machado, que era utilizado para criação de gado e que depois foi também chamado de Manga do Amador.

Não há maiores referências, mas o local onde hoje é a cidade de Manga começou a se desenvolver, com a doação de terrenos feita pela fazendeira Dona Gertrudes a Santo Antônio e São Sebastião. O povoado passou a ser conhecido como São Caetano de Manga. Dessa forma, esse aglomerado formou o novo arraial de Januária. Segundo relatos, nos tempos coloniais o novo arraial de São Caetano de Manga tivera bons prédios, em um traçado topográfico regular até os dias atuais no distrito sede de Manga.

A emancipação político-administrativa de Manga se deu em 19 de outubro de 1924, através da Lei nº 843, de 07 setembro de 1923.

Foram responsáveis pelo processo de emancipação três pernambucanos fixados em Manga, Domiciano Pastor Filho, o Coronel Bembém; João Alves Pereira; e Anfrísio Gonzaga Lima, primeiro presidente da Câmara Municipal e prefeito.  Nas décadas seguintes, Manga experimentou um dos mais significativos processos de desenvolvimento. Destacou-se tanto para os aspectos econômicos, dado o crescimento do lugar impulsionado pela Cia. Manga Industrial e Exportadora S/A, como pela visibilidade política, promovida pelos coronéis Bembém e João Pereira.

O ciclo de domínio econômico-político daqueles coronéis permaneceu até 1958, quando - em tumultuada eleição - perderam o poder para Antônio Lopo Montalvão, neto de Joaquim Lopo Montalvão, patriarca de uma das primeiras famílias a se fixar em Manga. A partir daí, Manga passa por outros importantes processos de ordenamentos políticos e econômicos. Os coronéis Bembém e João Pereira não retornariam mais ao poder. Vários grupos políticos digladiaram - período após período - pela liderança política. No aspecto econômico, com a decadência da produção de algodão no Brasil, a Cia. Manga Industrial e Exportadora S/A perde o seu papel de principal geradora de riquezas.

Em termos sociais, a mistura de povos de tantas origens diferentes, caracteriza Manga como um dos símbolos do que é o Norte de Minas e, por conseguinte, o Brasil. Culturas distintas produziram, neste lugar, uma sociedade que no eterno presente projeta o amanhã, sem - no entanto - se desvincular do seu passado, que ainda está para ser explorado.

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